Levantamentos topobatimétricos e batimétricos são fundamentais para a realização de obras de engenharia, mineração, agricultura, construção civil e portos, só para citar alguns exemplos.
Eles trazem informações de áreas secas e molhadas de corpos d’água como oceanos, mares, rios, lagos e reservatórios para determinar a topografia de seu leito e margens.
Durante o trabalho, são extraídos dados como capacidade volumétrica, nível de assoreamento e massa d’água, fundamentais para a construção de pontes, barragens, represas e projetos de extração mineral.
Vamos entender melhor como os levantamentos são feitos e como eles podem ajudar diferentes segmentos de mercado a desenvolverem novos projetos ou implementarem melhorias em projetos existentes.
Batimetria ou topobatimetria?
Afinal, batimetria e topobatimetria são a mesma coisa? Posso utilizar qualquer um dos dois nomes para me referir aos levantamentos topográficos relacionados aos corpos d’água?
Não é bem assim. Para entender a diferença entre as duas terminologias, precisamos entender primeiro a origem do nome.
Batimetria
Batimetria vem do grego antigo, onde “bathus” significa profundo ou fundo. Já “metron”, significa medida. Juntas, querem dizer “medida do fundo”. A medição da profundidade e do volume de corpos hídricos como lagos e rios, assim como o mapeamento de seu relevo submerso, é chamado de levantamento batimétrico.
A representação gráfica (ou cartográfica) do levantamento batimétrico é feito através de curvas de nível batimétricas, que são parecidas com as curvas de nível do levantamento topográfico convencional. Conseguimos, em cada quadrante do mapeamento, saber qual é a distância entre a superfície e como é o relevo do fundo.
De posse destas informações, topógrafos e engenheiros conseguem estimar o nível de sedimentação de um curso de água (assoreamento), calcular quanto uma barragem pode suportar de volume de água e rejeitos de mineração.
As aplicações de um levantamento batimétrico são inúmeras e são de relevante utilidade, como veremos mais adiante.
E o levantamento topobatimétrico?
Se o levantamento batimétrico concentra-se nas áreas molhadas de oceanos, rios e lagos, o levantamento topobatimétrico refere-se ao mapeamento feito também nas áreas secas.
Como áreas secas temos todas as partes associadas ao corpo d’água, que não estão submersas, tais como margens, ilhas, bordos e sedimentos.
Como é feito o levantamento topobatimétrico?
O acesso a novas tecnologias tem provocado uma revolução nas técnicas utilizadas na agrimensura e topografia e a topobatimetria é um bom exemplo.
Antigamente, a única forma de medir a profundidade de um rio, por exemplo, era com cabos submersos e réguas graduadas presos a embarcações ou estruturas fixas sobre a água.
Hoje, são utilizados ecobatímetros, GPS, Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), sensores a laser, softwares e embarcações remotas ou tripuladas.
O levantamento da área molhada
Para se atingir resultados mais precisos que os obtidos pelo método convencional (com cabos submersos e réguas graduadas), os topógrafos utilizam embarcações controladas remotamente por rádio ou tripuladas por uma equipe.
Para obter informações sobre a localização geográfica e geodésica, as embarcações carregam um receptor DGPS (Differential Global Positioning System) e, para medir a profundidade, um ecobatímetro.
O ecobatímetro é o equipamento de destaque no levantamento topobatimétrico. O instrumento emite pulsos sonoros em direção à superfície submersa da área analisada, que chegam ao fundo e são refletidos, voltando ao equipamento, que calcula o tempo decorrido. As informações são processadas por softwares específicos de batimetria e geram curvas isobatimétricas, visualizações em 2D e 3D, gráficos de volume e mapas da região.
O levantamento da área seca
Nas margens, ilhas e estruturas adjacentes aos corpos d’água, aplicam-se metodologias de levantamento topográfico tradicionais. Os topógrafos utilizam estação total, GPS e laser scanner terrestre.
São vários os casos em que os levantamentos topobatimétricos são combinados ao mapeamento aéreo com drones para viabilizar a análise de regiões de difícil acesso, perigosas para os técnicos ou muito extensas. Nesses casos, as técnicas mais utilizadas são perfilamento a laser e aerofotogrametria.
Onde os levantamentos topobatimétricos são aplicados?
Sem dúvida, o segmento que mais realiza levantamentos topobatimétricos é a engenharia. A atividade é indispensável (e exigida por lei) para a construção de hidrelétricas, barragens, portos, pontes e outras estruturas. No entanto, a topobatimetria é indispensável para o licenciamento e a viabilidade de projetos de outros segmentos como:
Mineração
Qual quantidade de rejeitos uma barragem poderá receber? Qual a capacidade máxima de extração mineral de um empreendimento minerário? Qual a disponibilidade de água para o projeto? Na mineração, os levantamentos batimétricos revelam dados que ajudam a especificar a vida útil de exploração e o potencial hídrico da localidade.
Agricultura
A batimetria é fundamental para o planejamento de barragens de irrigação, que armazenam água para garantir o sucesso do plantio. O levantamento revela informações como capacidade de estocagem, processos erosivos nos reservatórios e taxa de evaporação.
Logística portuária e navegação
A batimetria é utilizada para assegurar a segurança e a eficiência do tráfego em portos e em canais de navegação em áreas civis, comerciais e militares. É fundamental para o planejamento de novas construções, reformas e ampliações.
Engenharia
Hidrelétricas, portos, barragens, pontes, cravação de estacas, obras de infraestrutura de transportes e outras obras de engenharia exigem serviços de batimetria e topobatimetria, essenciais para a obtenção de licenças junto aos órgãos reguladores.
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